Sphere Institucional

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jul 11, 2022

Inquiry Mindset

AUTOR

huia

ASSUNTO

Educação

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Essa semana, trazemos em nosso blog um texto de Trevor MacKenzie, um dos palestrantes convidados para o Sphere International Seminar. Trevor é um educador canadense que tem se dedicado ao Inquiry (aprendizgem investigativa) como premissa e estratégia de ensino-aprendizagem. Seu livro, “Inquiry Mindset”, inspirou milhares de educadores pelo mundo e agora, uma nova edição chega ao mercado: Inquiry Mindset – Assessment Edition (Mentalidade Investigativa – edição especial de avaliação). A seguir, apresentamos alguns trechos do capítulo de introdução.

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Nem sempre fui professor de inquiry (aprendizagem investigativa). Eu não experimentei um modelo de inquiry quando criança. Minha educação formal não foi, de forma alguma, construída sobre os valores construtivistas da atualidade. Minha formação em pedagogia, embora em uma universidade fantástica, com professores comprometidos e bem-informados, não me apresentou a esta ampla e rica escola de pensamento que se tornou parte de quem eu sou. Na verdade, não aprendi a bela linguagem do inquiry até mais tarde em minha carreira.

Eu me tornei um professor de inquiry por causa dos meus alunos.

"Essencialmente, meus alunos me ensinaram a ensinar.""

Depois de vários anos tentando atender às necessidades dos meus alunos, lentamente, com o tempo, fiz-lhes mais perguntas sobre si mesmos. Perguntei-lhes sobre seus interesses, hobbies e curiosidades. Perguntei-lhes sobre seus sonhos, seus objetivos e seus desejos para si mesmos. Perguntei-lhes sobre seu aprendizado, suas forças e seus desafios. Perguntei e depois ouvi o que eles tinham a dizer, e finalmente aprendi com eles. Uma coisa mágica aconteceu: quanto mais eu ouvia, aprendia com eles e permitia que direcionassem meu ensino, mais eu percebia que estava mudando. Estava me tornando um professor diferente. Ao aprender sobre meus alunos, descobri coisas sobre mim, sobre minha prática e sobre minha profissão.

Comecei a deixar meu ensino tocar meu coração e guiar minhas ações. Descobri uma gentileza em ensinar, uma leveza nas tensões e desafios de nossa prática.

Encontrei uma fluidez que me ofereceu uma oportunidade de voltar-me para mim mesmo e, por sua vez, dar aos meus alunos a oportunidade de também voltarem-se a si mesmos. Descobri uma parceria que parecia natural, orgânica e simbiótica.

"Nossa sala de aula parecia mais um ecossistema, um espaço natural onde tudo tinha seu lugar e propósito."

Percebi que éramos todos parte de algo maior do que nós mesmos. Quando se tratava do meu ensino e do meu tempo na minha escola, lentamente comecei a me preocupar com absolutamente tudo de uma maneira muito perfeita e fácil. Notei todos os pequenos indícios de aprendizagem. Observei como mesmo a menor das mudanças poderia ter efeitos duradouros.

Descobri um valor poderoso em movimentos particulares, comportamentos, perguntas e atitudes. Parecia que estava descobrindo uma língua secreta que sempre soube que existia, mas nunca tinha ouvido falar em voz alta antes. Agora, tantos anos depois, ainda permito que meus alunos me guiem. Ainda mergulho nas perguntas e deixo que moldem meu aprendizado e meu crescimento. Assim como fiz quando dei passos para me tornar um professor de inquiry, continuo a permitir que perguntas direcionem minha jornada.

Uma pergunta específica vem à mente enquanto reflito sobre o percurso do meu aprendizado e nossos próximos passos juntos no livro diante de você. É uma pergunta que guia a maioria das decisões que faço na minha prática de inquiry. Ela molda meu projeto, meu planejamento, e minha preparação de aula. Eu reflito sobre esta questão inúmeras vezes em um único dia. Está sempre presente: estou fazendo algo pelos meus alunos que eles deveriam fazer por si mesmos?

Explorar essa questão na minha prática de inquiry me permite considerar quem está fazendo o trabalho pesado da aprendizagem, quem está se beneficiando da tomada de decisão em sala de aula, e quem está aguçando as habilidades, competências e mentalidades para assumir mais agência sobre o aprendizado.

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De vez em outra, quando penso nessa questão, percebo que há muito mais que posso fazer para que meus alunos assumam mais autoria sobre seu aprendizado. Percebi que fui treinado, até mesmo condicionado, para manter as rédeas da aprendizagem na sala de aula, muito forte, muito de perto, e de modo muito vigiado. Reconheço, no entanto, que para que a investigação tome conta da sala de aula e do coração e mente dos meus alunos, preciso afrouxar essas rédeas e dar aos meus alunos a liberdade de assumir a liderança.

Tenho feito aos professores de escolas ao redor do mundo a mesma pergunta enquanto os apoio na implementação de valores e práticas de inquiry. Ao orientar os professores para a incorporação de mais agência do aluno em suas salas de aula, essa questão norteadora molda nossas reflexões, discussões e planejamento. Essas colaborações fornecem oportunidades poderosas para impulsionar a prática, trabalhar por algo maior do que nós mesmos, e para nos conectarmos e trabalharmos juntos para formar aprendizes para a vida, cidadãos globais e sujeitos humanitariamente empáticos.

Sempre notei um espaço dentro da nossa prática de inquiry onde explorar essa questão tende a se estagnar — uma área que tem sido mais lenta para mudar e reimaginar. Nesta faceta de ensino e aprendizagem, a agência do aluno não floresce tão frutífera ou flui tão fluidamente quanto em outras. Esta foi a mudança mais difícil em na minha prática de inquiry, e tende a ser a última a acontecer nas escolas que acompanho. Trata-se do inquiry no domínio da avaliação. Notei várias coisas no meu trabalho que sugerem que isso é verdade. Primeiro, a avaliação tende a ser algo produzido principalmente fora da sala de aula, longe dos alunos, em vez de dentro da sala de aula com os alunos. Se aqueles que realizam a avaliação são os que estão aprendendo, por que os professores estão trabalhando mais do que os alunos?

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Em segundo lugar, os professores têm uma forte compreensão de onde os alunos estão, onde eles precisam ir a seguir, e o que eles precisam fazer para chegar lá, mas os alunos não. Se eu fosse reunir-me com os alunos e pedir que eles compartilhassem comigo seus próximos passos, muitos alunos não seriam capazes de participar dessa conversa. Por que isso acontece?

Em terceiro lugar, os alunos têm pouca compreensão dos critérios de sucesso, ferramentas de avaliação ou objetivos de aprendizagem. Por que não há transparência sobre o objeto da avaliação ou como os alunos serão avaliados?

Em quarto lugar, há oportunidades frequentes para refletir sobre a experiência de inquiry, mas não nas avaliações feitas no modelo de inquiry? Por que existe um desalinhamento aqui? Finalmente, os alunos compartilham sentimentos de confiança, propriedade e realização em relação à investigação, mas quando se trata de avaliação, eles se sentem ansiosos, sobrecarregados e incertos. Por que a diferença?

É objetivo do livro amplificar a voz do aluno, o envolvimento e a agência no campo de avaliação no modelo de inquiry para que esses desafios não ocorram. Para que isso seja alcançado, os professores precisam ajudar os alunos a afinarem sua bússola de avaliação — sua capacidade de avaliar com precisão, clareza, realização e autenticidade. Este livro está enraizado nos valores da investigação. Ele irá guiá-lo através dos comportamentos, tarefas, rotinas e protocolos que ajudarão a nutrir a mentalidade da agência e cultivar especialistas em avaliação, precisos e confiantes em sala de aula.



Autor: Trevor MacKenzie
Trevor MacKenzie is an experienced teacher, author, keynote speaker and inquiry consultant who has worked in schools throughout Australia, Asia, North America, South Africa and Europe. Trevor’s passion is in supporting schools in implementing inquiry-based learning practices. He is a highly regarded speaker known for his heartfelt storytelling, kind demeanour, and student-first philosophy. Trevor’s graduate research focused on identifying and removing the barriers to implementing inquiry-based learning in the K-12 setting. He is an inquiry practitioner currently as a teacher with the Greater Victoria School District in Victoria, Canada. He has three publications: Dive into Inquiry; Inquiry Mindset Elementary Edition; Inquiry Mindset Assessment Edition; all published by Elevate Books Edu. He has vast experience supporting schools across several years in implementation strategies in public schools, international schools, and International Baccalaureate programmes (PYP/MYP/DP).