Sphere Institucional
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jul 11, 2022No ensino de música, o ponto de partida é a vivência
AUTOR
huia
ASSUNTO
Educação
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jul 11, 2022AUTOR
huia
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Love, love, love your friends Different as they sing Playing, laughing, joking, helping Friends are like a dream (Repeat 3x)
Você provavelmente não saberia cantar esta canção se eu não indicasse que ela é cantada sobre a melodia de ‘Row row row your boat’. E sabe por que é mágico você conseguir cantar aquela canção sem nunca a ter ouvido antes? Isto acontece porque nosso cérebro é uma máquina incrível. Podemos guardar centenas e até milhares de melodias sem ter tido nenhum treinamento musical mais formal. Essa versão que você viu ali acima é uma das canções do material da Sphere International.
Passamos anos das nossas vidas tentando aprender, memorizar e utilizar fórmulas matemáticas, química orgânica e até análise sintática, mas se não fazemos uso disso no dia a dia não retemos essas informações facilmente. Isto porque a maneira como aprendemos estas matérias é geralmente desconectada e nosso cérebro vai então, guardar estas informações de maneira mais superficial, pois nosso cérebro geralmente não se move de maneira mais expansiva dentro destes contextos.
Quando falamos sobre música, diversos estudos mostram como a ativação cerebral é mais abrangente quando realizamos atividades conectadas a ela. Música ativa áreas de movimento, linguagem, padrões matemáticos, emoção, controle inibitório e outras funções executivas, e isto é proporcionado como nenhuma outra vivência. É realmente impressionante.
Mas como podemos facilitar as aprendizagens dos nossos aprendizes, sejam eles crianças ou adultos, utilizando música?
O ponto de partida é a vivência. Promover oportunidades para as crianças – e por que não os adultos, ouvirem, conhecerem, cantarem, criarem, viverem música é essencial para este desenvolvimento holístico do indivíduo. Cante com seus alunos, brinque com seus filhos usando música, deixe-os ouvir música enquanto fazem outras tarefas. Mas vamos explorar mais profundamente a primeira ideia: cante com seus alunos.
Quando pensamos na sala de aula, muitos professores se preocupam demais por não terem tempo. Já ouvi a frase seguinte em um dos meus workshops: “Mal tenho tempo de dar conta do currículo… como ainda quer que eu cante com meus alunos?” Vamos lá. Quanto tempo acha que alguns alunos demorariam para consolidar a aprendizagem de partes do corpo somente com o uso de pôsteres, flashcards, da fala do professor ou de materiais escritos? Agora, se cantassem algumas canções sobre partes do corpo como ‘Head, Shoulders, Knees and Toes’, ‘My Hand on My Head’, ‘Dry Bones’, ‘Hokey Pokey’ ou ‘One Little Finger’, será que a consolidação não seria mais rápida e eficiente? Garanto-lhe que sim.
Outra atividade importante, que sugiro para crianças a partir de 3 anos, é a criação de versões. Lá no comecinho deste texto, dei um exemplo de versão. Uma canção com letras modificadas para alcançar objetivos específicos. Crianças são naturalmente criativas, e se o ambiente não valoriza e promove momentos para o compartilhamento destas criações, as crianças vão perdendo o interesse e a vontade de mostrar ao mundo todo o processo criativo que é inerente ao desenvolvimento delas, e acabam somente fazendo o que os outros lhes dizem que deve ser feito. A música pode ser um grande aliado para a manutenção do processo criativo. Preste atenção a crianças pequenas em suas brincadeiras e momentos mais descontraídos. Se elas estão envoltas em um ambiente musical, elas vão naturalmente cantar canções que já conhecem e também vão criar suas versões, modificando as letras das canções ou até mesmo criando canções autorais que mostram muito do que já conhecem da(s) língua(s) com as quais têm contato.
Trazendo para a discussão os contextos bilíngues, o potencial do uso da música para facilitar estas aprendizagens é ainda maior. A música traz o contexto necessário para que a motivação para a aprendizagem de outras línguas seja despertada. Pela música, as crianças aprendem sobre estrutura e uso da língua, vocabulário, padrões linguísticos, de uma maneira natural e lúdica. Crianças bem pequenas, cuja fala espontânea ainda não está consolidada, conseguem produzir estruturas linguísticas dentro do padrão por conta da escuta ativa de canções. A consolidação destas estruturas se dá de maneira mais rápida por conta do uso das canções, mesmo que seja somente em momentos de instrução não explícita.
Veja a seguir o depoimento de Ana Clemesha e entenda o potencial do uso de canções para aprendizagens em contextos bilíngues:
"Poder gravar algumas músicas do Song Collection para a Sphere, a escola em que eu estudei por mais de dez anos e onde o meu amor pela música começou, foi uma oportunidade incrível. Desde pequena eu cantava em inglês no dia a dia e nas apresentações da escola. Os Nursery Rhymes me trazem boas memórias, eles me ajudaram a desenvolver a língua inglesa de uma maneira que para mim é muito especial - pela música" Ana Clemesha
Ana menciona as Nursery Rhymes em seu depoimento e ressalta a extrema importância do uso destas canções em sua trajetória de aprendizagem de língua adicional. O cancioneiro tradicional de cada país, carrega consigo não só os aspectos linguísticos, os padrões, vocabulário, escrita e uso das palavras, como também todo um arcabouço cultural que vai sendo passado pelas gerações, internalizado e repassado, com suas devidas modificações e adaptações.
Já parou para pensar como as crianças das próximas gerações aprenderão a canção ‘Atirei o pau no gato’? Será que saberão somente a versão ‘politicamente’ correta: ‘Não atire o pau no gato, porque isso não se faz’ ? E quais músicas será que já aprendemos com adaptações e modificações? Língua não é estanque, língua é fluída e deve ser compreendida como tal.
Minha última dica vale para todas as pessoas, educadores, pais, mães, avós, cuidadores, adultos e bebês. Cante, mesmo que desafinado, cante. Deixe que suas sinapses sejam mais fortes, mais longas, mais ramificadas. E traga estas vivências para todos os que estão à sua volta. Você pode motivar pessoas ao seu redor simplesmente ao cantar uma melodia. E se você é professor, integre os seus conteúdos utilizando músicas, versões criadas por você mesmo e por seus alunos, ou outras obras de autoria diversa.